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Bread and poultry sausages

Alheira, o que é?

A Alheira é um enchido característico do Norte de Portugal, cuja invenção é atribuída, pela tradição, aos Cristãos Novos. Será que é mesmo assim?

A alheira é produzida com pão de trigo, alho, pimentão doce e uma mistura de carnes brancas como frango, perú e perdiz, mas também pode contar com a companhia de coelho, vitela ou porco.  É um prato muito popular nos restaurantes do Porto e, normalmente, é frita ou assada no forno, e vem acompanhada com arroz branco, batatas fritas e um ovo estrelado. Também pode ser servido como petisco, mas neste caso usa-se, em geral, a alheira de caça, com um sabor mais evoluído.

prato de alheira disponível em qualquer restaurante do Porto

Alheira com batata, arroz e ovo estrelado, uma refeição económica.

Trás-os-Montes, a zona situada a noroeste do Porto, é a área de origem da Alheira,  mas pode-se encontrar por Portugal inteiro como uma refeição bastante económica. A tradição assegura que quando foi inventada era elaborada só com carne de aves e pimentão e que a sua criação se deve aos cristãos-novos ou marranos, os judeus que se converteram ao Cristianismo. Reza a lenda que uma das formas que a Inquisição tinha de reconhecer Judeus era verificar se havia enchidos pendurados sobre as lareiras das casas e, como era a forma de conservar a carne de porco (alimento proibido  na tradição judaica) automaticamente os condenava. Com a criação da Alheira parece que o problema ficou resolvido mas, para além de a gordura de porco ser usada para estabilizar todo o tipo de enchidos e ser difícil ultrapassar este problema, custa a acreditar que os inquisidores, homens com estudos fosse facilmente enganados por chouriços esbranquiçados.

Alheiras de mirandela em caixas na Favorita do Bolhão

As Alheiras de Mirandela numa das Mercearias Finas

Possuem um sabor diferente de todos os outros enchidos e existem diversos tipos, como Alheira de Caça ou de Javali, ou as recentes Alheiras de Bacalhau ou as vegetarianas. Segundo a sua proveniência podemos encontrar as mais famosas em Mirandela e Vinhais, que se podem comprar nas Mercearias Finas localizadas nas ruas que cercam o Mercado do Bolhão.

Onde encontrar:

A Favorita do Bolhão – Rua Fenandes Tomás 183

A Pérola do Bolhão – Rua Formosa 279

Casa Lourenço – Rua do Bonjardim 417

Comer e Chorar por mais Rua Formosa 300

Casa Chinesa – Rua Sá da Bandeira 343

 

 

 

 

Palácio de Cristal no Porto

O Palácio de Cristal é um dos Parques mais belos do Porto, o local ideal para ler, passear, namorar ou simplesmente usufruir das suas fantásticas vistas sobre o Douro.

Jardins do Palácio de Cristal e o Palácio dos Desportos

O Pavilhão Rosa Mota à entrada dos Jardins de Émile David

O Palácio de Cristal deve o seu nome a uma estrutura de ferro, vidro e granito, demolida em 1951 para permitir a construção do Pavilhão dos Desportos, de forma a acolher, no Porto, o Campeonato do Mundo de Hóquei em Patins de 1952. Actualmente chama-se Pavilhão Rosa Mota em homenagem à maratonista portuense medalha de ouro das Olimpíadas de 1988 em Seul. O edifício inicial, construído de 1861 a 1865, foi concebido para a Exposição Internacional do Porto, a primeira em Portugal , que contou com 3 139 expositores de 4 continentes. Foi criado por Thomas Dillen Jones a partir do modelo do Crystal Palace de Londres, construído em 1851 para a Great Exhibition. Infelizmente as semelhanças não se resumem ao seu uso, o Crystal Palace, inicialmente localizado em Hyde Park, também já não existe, tendo sido completamente, destruído em 1936, na sua segunda localização, em Syndenham.

Gravura do Palácio de Cristal

Gravura representando o Palácio de Cristal

Os jardins, de estilo Romântico Inglês, foram concebidos por Émile David, um arquitecto paisagista alemão que se dedicou ao Palácio de Cristal de 1864 a 1869. Émile David foi o responsável por preencher os 8 hectares de terreno com árvores exóticas, arbustos, lagos, torres e caminhos pitorescos que nos mostram vistas fabulosas sobre o Douro. À entrada do Parque deparamo-nos com um jardim geométrico povoado com azáleas, camélias e rododendros e decorado com fontes, compostas por tritões e sereias, acompanhadas das representações das Estações do Ano.

Seguindo pelo lado direito, pode-se já vislumbrar as linhas modernas da Biblioteca Municipal Almeida Garrett, que marca o início da Avenida das Tílias. A biblioteca, um dos muitos frutos das intervenções do Porto 2001- Capital Europeia da Cultura acolhe, para além dos espaços de leitura nos quais se inclui uma boa secção de periódicos portugueses e estrangeiros, uma cafetaria, um auditório e a Galeria de Arte Municipal, que possui exposições temporárias muito interessantes sem custos de admissão.

Interior da Galeria Municipal do Porto na Biblioteca Almeida Garret

Galeria Municipal

A Avenida das Tílias estende-se até à Capela de Carlos Alberto, dedicada à memória do Rei da Sardenha e Piemonte que morreu na cidade do Porto em 1849, depois de um breve exílio que começou numa Praça das redondezas com o mesmo nome. Esta Avenida delimitada por Tílias e algumas esculturas contemporâneas é a zona escolhida pelos pavões para se exibir perante os fotógrafos e os olhos fascinados das crianças. Nesta zona situa-se, também a Concha Acústica, um palco semicircular ainda hoje usado para concertos ou performances.

A Cúpula do Pavilhão Rosa Mota

Pavilhão Rosa Mota

O Palácio de Cristal recuperou nos últimos anos a Feira do Livro do Porto, que durante muitos anos se realizou na Avenida dos Aliados. Pelo que temos assistido, a mudança e o Oxigénio das Tílias fez muito bem à Feira que se revitalizou, dando maior destaque às livrarias independentes da cidade, bem como a alfarrabistas e pequenas editoras. Setembro é o mês dedicado aos livros e é um privilégio poder usufruir deste espaço, dos livros, de um belo pôr-do-sol sob a Ponte da Arrábida acompanhado de um copo de vinho.

A Avenidas das Tílias no Palácio de Cristal

Avenida das Tílias

Rodeando o Pavilhão pelo lado esquerdo, a partir da entrada, podemos ir descendo os socalcos, rodeados por camélias, em direcção ao edifício amarelo, um miradouro privilegiado sobre o Douro, Porto e Vila Nova de Gaia. Um destes socalcos, deve o seu nome às roseiras que desenham, em conjunto com alguns arbustos, as formas geométricas que enquadram elementos arquitectónicos dos antigos Paços do Concelho demolidos em 1916, incluindo a Pedra de Armas que presidia a sua fachada. O Roseiral, serve de hall de entrada à casa que é residência oficial do Presidente da Câmara Municipal do Porto, a Casa do Roseiral. Embora não seja habitada é usada para cumprir cerimónias protocolares e apoiar visitas oficiais.

A residência oficial do Presidente da Câmara do Porto nos Jardins do Palácio de cristal

Casa do Roseiral

No lado Oeste dos jardins do Palácio de Cristal, existe um acesso à Quinta da Macieirinha, uma quinta do Século XIX onde Carlos Alberto passou os seus últimos dias. Hoje alberga o Museu Romântico com uma colecção dedicada ao período do Romantismo, à burguesia do Século XIX e, é claro, a Carlos Alberto. A casa é belíssima e uma excelente opção para os dias de chuva. Saindo pelo portão principal, pode-se visitar os jardins da Casa Tait, do outro lado da rua, com as suas árvores centenárias e jardins intimistas.

O Roseiral e a casa homónima

O Jardim do Roseiral com Vila Nova de Gaia ao fundo

Uma boa forma de terminar esta visita é descer em direcção a Massarelos pelos Caminhos do Romântico, uma rede de percursos bucólicos que nos leva através do Passado rural desta zona. Se tiver dúvidas podemos sempre incluir estes elementos no nosso tour Porto para Principiantes.

Jardins do Palácio de Cristal

Rua de D. Manuel II, 4050-346 Porto

Horario: De Abril a Setembro das 8h às 21h e de Outubro a Março das 8h às 19h.

Lojas incomuns do Porto

Há lojas, e há Lojas com letra maiúscula e, ainda que os centros das cidades europeias cada vez mais pareçam clonados uns dos outros, o Porto ainda mantém algumas jóias que a diferenciam e vale a pena conhecer.  

Nos últimos anos, no Porto, encerraram lojas quase centenárias, que estavamos mais que habituados a ver mas, que teimosamente, não visitavamos por saber que ainda tínhamos tempo. Enquanto preparamos este artigo uma das lojas que pretendíamos visitar fechou para abrir, umas portas abaixo, com uma roupagem moderna já sem a magia que nos chamara a atenção.

No entanto, no Porto há ainda lojas tradicionais e autênticas, que gozam de boa saúde e que se tem adaptado aos novos tempos sem borrar a pintura, com uma decoração adaptada, com perfil de Facebook, Site de Internet e conta de Instagram.

Convido-vos a visitar algumas das minhas favoritas.

A loja com um crocodilo no tecto

Três metros de crocodilo à sua espera

Com as portas abertas desde 1948, a Casa Crocodilo  deve o seu nome ao réptil que nos dá aos boas vindas a partir do tecto da loja. Está situada no número 67 da Rua Cimo de Vila, nas traseiras da Estação de S. Bento, numa zona dedicada a lojas de artigos de pele que, aos poucos vão dando lugar a outro tipo de negócios. São especialistas em solas e couros, com produção e reparação, e vendem diversos artigos de marroquinaria como carteiras, porta-moedas, cintos, porta-chaves, luvas e as populares pantufas da Serra da Estrela feitas de pele de ovelha e muito úteis durante o Inverno.

Brooms hanging at the door.

Ao que parece J. K. Rowling inspirou-se (Também!) nestas vassouras…

A Escovaria de Belomonte, fundada em 1927, é uma loja/oficina localizada no número 34 da rua com o mesmo nome, muito perto da confluência da Rua das Flores com o Largo de S. Domingos. Produzem e vendem escovas, de todos os tipos e de usos domésticos e profissionais variados, como roupa, sapatos, cabelo, barba, e uma escova (curiosa) de ourives usada para polir jóias – feita com fios de latão tão finos que consegue ser mais suave que uma escova de bébé. À entrada, encontramos logo uma série de vassouras que, segundo já se ouve dizer, inspiraram a escritora J.K. Rowling para criar as vassouras com marcas como Moontrimmer e Nimbus 2000 da saga Harry Potter.

Também vendem escovas de barbear da marca Semogue, uma marca Portuguesa, de S. Félix da Marinha e conceituada como uma das melhores do mundo que chamam a atenção do interior das vistosas vitrinas da entrada. O dono da loja, orgulhoso, explica-nos o que produz com a maquinaria exposta na parte traseira da loja e conta-nos que o negócio vai de vento em popa.

Flags from Belgium, United Kingdom, Spain, Portuguese Monarchy Switzerland and Porto

Falta-lhe alguma bandeira na colecção?

Na Casa Mousinho, na Rua Mouzinho da Silveira 118, muito pero da Praça do Infante e da Ribeira, começaram, em 1961, a vender tecidos variados e bandeiras até que se dedicaram em exclusivo ao negócio das bandeiras. Vendem-nas de todos os tamanhos, de uma face, de duas, bordadas, estampadas, em cetim ou tecido simples, de todos os países do mundo, de nações sem estado, de cidades, vilas, associações, de Tunas; estandartes, bandeiras, bandeirolas, galhardetes, almofadas, bandeirinhas; de Piratas e Clubes de Futebol. E se não tiver o que procura fazem por encomenda. Quem a descreve, e aponta a uma parede com um Atlas do mundo dentro de caixas com os nomes de países, é o dono, um dos fundadores, que ainda trabalha diariamente com todas as bandeiras na memória.

O interior da Casa Hortícola

Parece uma Joalharia e para alguns é.

A Casa Hortícola, faz parte do Mercado do Bolhão situando-se num dos torreões, no número 304 da Rua Sá da Bandeira. Abriu em 1921, ocupando o espaço que pertencera à Salsicharia Internacional e, no espaço que parece ser de uma joalharia, vende todo o tipo de sementes, bolbos, plantas, flores e produtos para jardinagem. Aqui podemos encontrar sementes de todo mundo e também os clássicos portugueses do Norte como a penca de Natal ou a couve da Póvoa

Felizmente, e graças a estas lojas que se sabem actualizar e manter vivas, podemos ter a esperança que os nossos filhos poderão comprar no comércio tradicional.

Moisés vocifera contra os adoradores do Bezerro de Ouro após ter recebido as tábuas da Lei

Palácio da Justiça do Porto

No Palácio da Justiça do Porto há um mistério à espera de ser resolvido, a estátua da Justiça não é cega mas há uma boa razão para isso.

O Palácio da Justiça do Porto, da autoria do arquitecto Raúl Rodrigues Lima, foi inaugurado em 1961 e é um autêntico museu informal de arte modernista, com escultura, pintura e frescos de artistas portugueses. O edifício foi construído num espaço que era ocupado pelo Mercado do Peixe e por algumas casas particulares na zona da Cordoaria, perto da Igreja e Torre dos Clérigos.

O Palácio da Justiça é um edifício monumental, característico do Estado Novo, de linhas clássicas e austeras que pretendiam transmitir o poder do Estado e a força da Justiça. É um edifício carregado de simbolismos, desde a planta basilical semi-circular típica dos tribunais romanos, até à ampla escadaria da fachada principal  que nos remete para  a frontaria dos templos clássicos. Entre os pilares que seccionam a fachada encontramos a representação simbólica das Fontes do Direito, concebidas por Salvador Barata Feyo: a Doutrina, o Direito Natural, a Lei, o Costume e a Jurisprudência.

5 esculturas de Barata Feyo perfilam-se entre os pilares do Palácio da Justiça

As Fontes do Direito na Fachada do Palácio da Justiça

No lado esquerdo da fachada, encontra-se uma estátua de sete metros de altura, a maior cunhada em bronze em Portugal, da autoria de Leopoldo de Almeida. Trata-se de uma representação da Deusa Themis, vulgarmente conhecida como Justiça, numa postura hierática ao bom estilo Greco-Latino. Dois elementos da escultura capturam imediatamente a atenção, a ausência da venda a cobrir os olhos e a balança em posição de repouso junto ao corpo. Embora seja uma escultura repleta da sobriedade clássica, o autor resolveu dotá-la de um toque de modernidade representando-a com os olhos bem abertos, atenta às mudanças da legislação e da sociedade, em perpétua adaptação e não agarrada às grilhetas do Passado.

A Justiça ladeada pelo baixo relevo de Euclides Vaz

Themis, a Justiça de olhos bem abertos e as Virtudes Cardeais

Atrás de Themis, podemos admirar um fabuloso baixo-relevo art-deco, de Euclides Vaz, representando a evolução da Justiça, desde a Lei de origem Divina, até ao Direito Romano, os alicerces do Actual. Na parte superior, cenas do Antigo Testamento representando José a interpretar o sonho do Faraó, de seguida, Moisés após ter recebido as Tábuas da Lei depara-se com a adoração ao Bezerro de Ouro, e, na última linha, dois episódios do Livro de Job e Daniel. Na parte inferior, enquadrando a estátua, as virtudes cardeais definidas por : Prudência, Justiça, Fortaleza e Temperança.

No interior do Palácio encontra-se o Museu Judiciário, que recolhe objectos relacionados com o exercício da Justiça como uma curiosa mala de dactiloscopia, usada para identificar os presos, livros de Leis incluindo a versão manuscrita de Ferreira Borges do primeiro Código Comercial Português, e alguns processos famosos como o de adultério de Camilo Castelo Branco ou o de Zé do Telhado, o Robin dos Bosques Português.

Uma porta aberta revela o interior do museu Judiciário no Palácio da Justiça

No Museu Judiciário podemos encontrar um dos altares da Cadeia da Relação

Uma vez no interior, nos Passos Perdidos (nome que designa os átrios onde as pessoas vão perdendo passos, literalmente, enquanto esperam), vale a pena investigar os diversos pisos que acolhem frescos notáveis. No piso 2, o Iter criminis (o caminho do criminoso) da autoria de João Martins da Costa, no piso 3, de António Coelho de Figueiredo Os últimos destinos do ser humano  e no piso 5, episódios históricos sobre o Porto de Severo Portela Junior.

À direita os frescos de Severo Portela Júnior

Os Passos Perdidos são decorados com Frescos de três autores

Muitas pessoas do Porto evitam ir ao Palácio da Justiça porque associam o local a eventos desagradáveis. É Justo dizer que este edifício, com a magnífica colecção que alberga, merece uma visita a solo ou acompanhada por nós no tour Porto para Principiantes. De certeza que mudarão o paradigma.

O Museu Judiciário de segunda a sexta:  9:00-13:30h and 13:30-17:00h:

Parque da Cidade do Porto

O Parque da Cidade do Porto é o maior parque urbano de Portugal e o lugar ideal para um bom passeio, fazer exercício, fazer um pic-nic com a família e amigos e até observação de aves.

O Parque da Cidade, está localizado na zona Oeste da Avenida da Boavista constituindo, com os seus mais de 80 hectares de área verde, um dos pulmões da Cidade. Possui uma ligação directa ao Oceano Atlântico através do Edifício Transparente e da Praia Internacional, onde se podem encontrar uma série de escolas de Surf e também, muito perto, a enorme escultura flutuante de 27 metros de altura, da autoria de Janet Echelman, conhecida oficialmente como “She Changes“, e como “anémona” pelos locais. Nº3 no mapa abaixo.

three-dimensional multi-layer net floats over the Cidade Salvador Plaza

O Parque da Cidade foi inaugurado nos anos 90 do século XX e foi concebido por Sidónio Pardal, arquitecto paisagista português, que se inspirou nos trabalhos de Jens Jensen, Puckler-Muskauer e Olmsted, o arquitecto chefe do Central Park em Nova York de 1858 a 1861. Áreas amplas, muitas árvores, e lagos com patos, gansos, corvos marinhos, garças, melros e muitas outras aves, aconselham que se leve a máquina fotográfica ou os binóculos, se for amante de Observação de Aves.

PArque da Cidade pai e filho

Na Zona Noroeste encontramos a área mais versátil do Parque da Cidade, o Queimódromo, um espaço amplo que já acolheu o aérodromo do Red Bull Air Race, o paddock do Circuito da Boavista, acolhe a gigantesca tenda do Circo, na época do Natal, e onde, na primeira semana de Maio, se realizam os concertos das Noites da Queima, da Queima das Fitas do Porto – a maior festa anual dos estudantes da Universidade do Porto. Esta zona também alberga algumas das estruturas associadas ao NOS Primavera Sound, o festival de música gémeo do homónimo que se celebra em Barcelona, e que, no Porto, ocupa a primeira semana de Junho. Em 2016 conta com as presenças de, entre outros, Sigur Rós, Animal Collective, Dinosaur JR e PJ Harvey. Nº2 no mapa abaixo.

PArque da Cidade Gansos

No lado Norte do Parque da Cidade, perto da entrada da Estrada da Circunvalação, podemos encontrar a bonita estrutura contemporânea, criada por Alexandre Burmester e José Carlos Gonçalves, conhecida como Pavilhão da Água. Este edifício concebido para a Expo ’98 em Lisboa, edoado ao Porto em 2002, fornece experiências interactivas, workshops e outras actividades educativas relacionadas com a temática da água, na sua maioria orientadas para as crianças. Nº7 no mapa abaixo.

Pavilhão da Água no Parque da Cidade oferecido pela UNICER

Na entrada da Rua da Vilarinha, localizada mais a Este deste local, todos os sábados temos a oportunidade de visitar o Mercado Biológico, onde se podem comprar frutas e legumes biológicos provenientes de produtores vizinhos do Porto. Se lhe der a fome, entretanto, aproveite para tomar um café e comer qualquer coisa leve no bar do espigueiro ou, então aproveite a esplanada do Soundwich e experimente uma das sete sandes desenhadas por outros tantos chefes de renome portugueses. Se estiver de chuva escolha o conforto  da renovada casa da quinta. Nº6 no mapa abaixo.

Um mapa do parque da Cidade a mostrar os pontos referidos

Obrigadinho Google Maps!

Como chegar

A melhor forma de chegar ao Parque da Cidade é de autocarro que o deixa a porta, havendo-os para todos os gostos, ou entradas:

Nº1 Estrada da Circunvalação  – Autocarro 205 (Campanhã – Castelo do Queijo)

Nº 4 Praia Internacional – Autocarros 500(Praça da Liberdade – Matosinhos e 502 (Bolhão – Matosinhos)

Nº 5 Avenida da Boavista – Autocarro 502 (Bolhão – Matosinhos)

Nº 6 Rua da Vilarinha – Autocarro 501 (Aliados-Matosinhos)

Semana Santa no Porto

Na Semana Santa no Porto as igrejas e as casas engalanam-se para celebrar a Paixão de Cristo. Não havendo procissões organizadas dignas de nota, sugerimos uma Via Crucis muito especial.

A Semana Santa de Braga é a mais famosa de Portugal e por alturas da celebração da Paixão de Cristo, o alojamento na cidade encontra-se, geralmente, esgotado. Uma boa solução é escolher o Porto para servir de quartel general e usar o comboio para fazer as deslocações – viagens de 45 minutos frequentes.

Durante a Semana Santa, no Porto, não ha procissões públicas, mas há outras formas de reviver os episódios da Via Dolorosa. Na Igreja dos Clérigos, um dos ex-libris do Porto, construída no século XVIII, conhecida pela sua omnipresente torre, há um museu com uma interessante colecção de arte sacra. Na celebração dos  250 anos da construção desta entidade abriu ao público a zona do antigo Hospital  e Sede da Irmandade dos Clérigos, que alberga objectos relacionados com a Irmandade e uma exposição muito especial.

A colecção Christus foi elaborada a partir de uma doação de António Manuel Cipriano de Miranda, coleccionador e apaixonado da iconografia cristã, que resolveu enriquecer o Património da Cidade do Porto, através da Irmandade dos Clérigos, com  400 (!!!) representações de Cristo.

É neste ambiente que podemos fazer a nossa via crucis na Semana Santa,  um percurso, curto mas intenso, que nos mostra o antes e depois da Via-Sacra.

O beijo de Judas

num grupo de homens, à direita, Judas beija Jesus, num dos episódios da Semana Santa

À direita, de laranja, Judas, com a bolsa com os 30 dinheiros beija Jesus; À esquerda, os soldados que vêm prender Jesus; Abaixo, do mesmo lado, um dos companheiros de Jesus corta uma orelha a um dos captores.

Não fazendo parte das 14 estações oficiais da Via-Sacra, este episódio é muitas vezes representado na Semana Santa e ocupa muito do imaginário popular sendo a simbolização da Traição. Judas “vende” o amigo por 30 dinheiros como descrito por Marcos (14, 43-47), Lucas (22, 47-50) e também Mateus (26,47-51):

«Enquanto ele ainda falava, chegou Judas, um dos Doze. Com ele estava uma grande multidão armada de espadas e varas, enviada pelos chefes dos sacerdotes e líderes religiosos do povo.O traidor havia combinado um sinal com eles, dizendo-lhes: “Aquele a quem eu saudar com um beijo, é ele; prendam-no”.Dirigindo-se imediatamente a Jesus, Judas disse: “Salve, Mestre!”, e o beijou. Jesus perguntou: “Amigo, o que o traz?”

Então os homens se aproximaram, agarraram Jesus e o prenderam.Um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou a espada e feriu o servo do sumo sacerdote, decepando-lhe a orelha.»

Com este momento, Judas Iscariotes cria o prólogo para a Paixão de Cristo. Mais tarde, como todos os que traem, arrependeu-se, e embora o Perdão seja uma das bases da doutrina de Cristo, nada impede que os traidores resolvam os assuntos pelas suas próprias mãos.

«Então, Judas, o que o traíra, vendo que fora condenado, trouxe, arrependido, as trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos, dizendo: “Pequei, traindo sangue inocente”. Eles, porém, disseram: “Que nos importa? Isso é contigo”.  E ele, atirando para o templo as moedas de prata, retirou-se e foi-se enforcar. » Mateus 27, 3-5.

Flagelação de Cristo

Quadro datado do Século XVIII ou XIX mostra a flagelação de Cristo.

Flagelação de Jesus com a iconografia correspondente: a Coluna, o Chicote e a Corda, três dos Instrumentos da Paixão.

A flagelação, embora muito representada ao longo dos séculos, quer na pintura, quer na escultura, por nomes como Caravaggio e  Piero della Francesca, é uma das cenas essenciais da Semana Santa. No entanto, nos Evangelhos nunca é referenciada como Flagelação mas sim “açoites”.

Mateus, em 27,26 possui a descrição mais completa, «Então Pilatos soltou a Barrabás; e mandando açoitar a Jesus, entregou-o para ser crucificado.» mas João (19,1) e Marcos (15,15) também o referem.

Jesus carrega a cruz perante Verónica

Jesus Carrega a cruz perante verónica Oficina ibérica de inspiração flamenga séc XVI XVII - Jesus Drags the cross to veronica iberian crafmanship of flemish inspiration

Jesus carrega a Cruz perante Verónica que, no canto inferior esquerdo, segura o Véu de Verónica

Santa Verónica é celebrada na Terça-Feira Gorda ou de Carnaval, que marca o início da Quaresma.

Segundo as informações que passaram a  circular a partir do Século VIII, Verónica terá dado o seu Véu a Jesus, durante a Via Crucis, para limpar a cara tendo a Santa Face ficado marcada no tecido.

Tradicionalmente associada à Estação número 6 da Via-Sacra, a representação de Verónica não é confirmada pelos Evangelhos. Vulgarizada no Século XIII e suportada por muitos Papas, esta lenda assumiu um protagonismo muito forte na religião Cristã sendo amplamente difundida.

Jesus é descido da Cruz – XIII estação

Descida da cruz com josé de arimateia oficina ibérica XVII XVIII baixo relevo em talha dourada - descnet from the cross with joseph from arimathea

Descida da Cruz – baixo relevo em talha dourada Séculos XVII-XVIII

A Descida da Cruz, A Deposição da Cruz ou ainda Jesus descido da Cruz e entregue a sua Mãe, são os títulos possíveis para o episódio descrito por João em 19,38, e que corresponde à 13ª estação da Via Dolorosa.

«Depois disto, José de Arimatéia (o que era discípulo de Jesus, mas oculto, por medo dos judeus) rogou a Pilatos que lhe permitisse tirar o corpo de Jesus. E Pilatos lho permitiu. Então foi e tirou o corpo de Jesus.»

Nesta representação vemos um soldado a receber o Corpo de Jesus que lhe é estendido por José de Arimateia, enquanto Maria é consolada por Maria Madalena. Este José tornou-se numa figura lendária a partir do século IV, e posteriormente, nos séculos XI a XIII ficou associado ao Santo Graal e ao rei Artur, à fundação da primeira igreja na Inglaterra (Glastonbury) e, em Espanha a sagração como bispo por São Tiago.

Pietá

Maria, vestida de azul, segura em Jesus em mais um episódio da Semana Santa

Pietá, ou Maria segurando no corpo de Jesus

A Pietá, ou Nossa Senhora da Piedade representa o momento em que Maria recebe o corpo do Filho depois do Descimento da Cruz. É um tema recorrente da arte religiosa e nesta representação dos séculos XVI ou XVII mostram a interpretação de uma oficina espanhola num belo trabalho de madeira entalhada pintada a têmpera e ouro.

Todas estas obras e muitas mais podem ser observadas na colecção Christus na Semana Santa e e em todas as outras semanas do ano por apenas 3 euros, incluindo a subida à Torre dos Clérigos e a visita às galerias superiores da Igreja.

Igreja dos Clérigos:

Rua de São Filipe Nery, Porto 4050-546

Horário: 9:00h – 19:00h

A Semana Santa inicia-se no Domingo de Ramos e culmina com o Domingo de Páscoa, tendo como momentos de destaque a Quinta-feira com a Última Ceia e o Lava Pés, e a Sexta-feira Santa onde se evoca a morte de Jesus.

Três sandes a não perder no Porto! ...

Para além das clássicas bifanas, pregos e sandes de pernil com queijo da Serra, no Porto, existem outras menos famosas que, “infelizmente”, tivemos de provar.

As sandes são sempre uma boa solução para uma refeição rápida e substancial e nos tascos do Porto não faltam alternativas. A vitalidade e dinamismo que advém da intensa renovação que o Porto está a viver podia estar a ter efeitos negativos na gastronomia local mas, devido ao prazer que os portuenses retiram da comida, o perfeccionismo aprimora o que se mete à boca. Muitos dos antigos tascos estão a ser renovados (os chamados neo-tascos) e aparecem novos estabelecimentos que oferecem comida tradicional autêntica e re-inventada. Surpreende, a quem seja de Barcelona, como eu, que ainda se consiga oferecer verdadeira comida portuguesa sem cair em pretensas atualizações 2.0 com produtos omnipresentes como o brie, o foie ou o queijo de cabra!

Interior de um neotasco na Rua da Picaria

Interior de um neotasco na Rua da Picaria

Sande de bochecha de porco preto

A sande de bochecha de porco preto é a sandes de marca da Casa Marlindo, situada na rua de Trás Nº 15, perto da Estação de S. Bento e da Avenida dos Aliados. Trata-se de um estabelecimento que abriu nos anos 50 como casa de pasto e que foi totalmente remodelado em 2015. É um sítio onde se pode petiscar e beber uns copos de vinho a qualquer hora do dia,  no interior renovado ou na esplanadana também renovada Rua de Trás.

Para além do típico molete, a sande precisa da bochecha de porco, preto, previamente marinadae cozinhada lentamente durante muitas horas ficando tenra e deliciosa. Casa muito bem com um copo de Vinho Verde branco.

Sande de bochecha de porco preto

Sande de bochecha de porco preto acompanhada de um verde branco!

Sande de chanfana

A chanfana é um prato tradicional de carne de cabra, velha, marinada com vinho tinto e cozinhada lentamente durante oito horas num forno de lenha. No Porto podemos encontrar esta sande no Lareira, um restaurante mítico para os estudantes universitários da última década do século XX, que entretanto foi remodelado, situado na Rua das Oliveiras 8, numa esquina da praça Carlos Alberto, perto da Torre dos Clérigos e dos belíssimos azulejos da Igreja do Carmo. O nome deve-se à enorme lareira que preside ao espaço.

A sande de chanfana plena de sabor, pode ser acompanhada com um copo de vinho espadal e, se ainda tiverem fome, podem continuar com o tradicional pica-pau!

Goat stew and bread.

A deliciosa sandes de chanfana

Peido Serrano

No Porto, a linguagem é autêntica, por isso não se deve estranhar o nome sonante desta sande que conta com presunto e ovo estrelado como principais actores. Ninguém sabe a origem do nome  mas não é difícil de lá chegar, presumo que serrano porque leva presunto e peido porque quando se dá a primeira trinca, o ovo explode…  Um dos locais onde se pode apreciar é na Taxca, perto da Avenida dos Aliados, no número 26 da Rua da Picaria. Antes, uma rua dedicada ao comércio de móveis e artigos em madeira, vê hoje as mesmas ser substituídas por novos restaurantes e tascos, tendo sido a Taxca uma das primeiras a escolher esta localização.

Embora se declarem sucessores da histórica tasca da Badalhoca, situada na zona da Boavista, os donos da Taxca não herdaram a linguagem vernacular e preferem uma abordagem mais  politicamente correcta ao peido serrano, usando o seu heterónimo, P.O. (presunto e ovo).

Uma das companhias vulgares de qualquer petisco neste local é uma caneca de espadal,  que também “empurra” muito bem uma sandes de fígado frito com cebola e pimento, uma das minhas favoritas!

Peido Serrano!

Peido Serrano!

Depois deste artigo lá teremos que ir queimar umas calorias para o ginásio ou numa corrida pela cidade.

O Parque e o Museu de Serralves do ...

O Parque de Serralves situado na zona da Boavista, perto do Parque da Cidade, oferece uma curiosa mistura de arte contemporânea e jardins.

Junto da entrada do parque encontra-se a Casa de Serralves, em estilo completamente Arte Déco e obra de diversos arquitetos, entre eles o portuense Marques da Silva. Está rodeada por um curioso jardim dos anos 30 do século XX projetado pelo arquiteto Jacques Gréber num estilo classicista modernizado.

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O jardim desenhado pelo arquitecto francês Jacques Gréber.

O resto do parque é constituido por bonitos jardins em estilo romântico com zonas de vegetação frondosa, passeios arborizados, recriações de grutas e um lago. Na parte central do jardim, junto a uma antiga pista de ténis encontra-se a Casa de Chá de Serralves num entorno relaxado e com uma carta variada de chás, frutos naturais e bolos. Na parte inferior do parque existe uma zona com animais e hortas que recebe visitas de grupos escolares e familias.

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“Colher de jardineiro” de Claes Oldenburg & Coosje van Bruggen Plantoir (2001).

Atualmente a casa e o jardim encontram-se inseridos dentro do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, desde os anos noventa o museu encontra-se alojado num prédio da autoria de Álvaro Siza Vieira, um dos representantes mais importantes da Escola de Arquitetura do Porto. Serralves é o museu de arte contemporânea mais importante de Portugal e uma referência a nível internacional, com uma coleção que começa nos anos 60 do século XX e que é atualizada permanentemente.

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Instalação no interior do Museu Serralves.

É neste entorno privilegiado que se celebra uma vez por ano, no final de Maio, o Serralves em Festa, com performance, música, dança e teatro. No último fim de semana de Setembro acontece a Festa do Outono com atividades para crianças, famílias e não só.

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Performance no Serralves em Festa.

A entrada no parque custa 4€ e a do museu 8,5€ (inclui o parque), mas nos domingos é possível visitar gratuitamente os jardins e  museu entre às 10h às 13h.

Horários:

Entre Outubro e Março: de terça a sexta 10h-18h, sábados e domingos 10h-19h, fecha na 2a.

De Abril até Setembro: de terça a sexta 10h-19h, sábados e domingos  10h-20h, na segunda-feira fecha o museu e a casa, mas abre o parque.