Existem muitas festas na cidade do Porto mas não há nenhuma que se compare ao S. João!
A noite de 23 para 24 de Junho é um caos organizado de amizade, sardinhas e álcool, muito álcool. Celebra-se o Santo popular, que se sobrepôs a uma festa mais antiga e pagã, a do dia mais comprido do ano, o Solstício de Verão. A igreja tentou eliminar a festa, mas com pouco ou nenhum sucesso.
Lisboa tem o Santo António, as vizinhas Póvoa do Varzim e Afurada celebram o S. Pedro, e em conjunto com o Patrono do Porto, constituem os Santos Populares com festas durante o mês de Junho.
As celebrações no Porto começam por volta das 5 da tarde e duram até à manhã do dia 24 sem horário definido. Tudo é permitido e é comum ver as pessoas a assar sardinhas e a trazer as mesas e cadeiras para a rua, e comer ali mesmo na companhia de amigos e desconhecidos.
O menu compõe-se de sardinhas assadas na brasa colocadas em cima de uma generosa fatia de broa, caldo verde, febras, pimentos assados e muito vinho e cerveja.
Enquanto estiver a jantar vai reparar que há muitos artifícios para apimentar a festa: os martelinhos de S. João, usados para bater na cabeça dos foliões, as flores de alho porro, para esfregar nos narizes, e os manjericos, que vão espalhando o seu aroma pela festa – provavelmente para contrariar o das sardinhas.
Para além disto, antes da festa, começam a ver-se, pela cidade, as cascatas de S. João. Uma verdadeira cascata de bonecos de barro que retrata algumas das características da cidade.
A melhor coisa do S. João é que não conhecemos ninguém mas passamos a conhecer. Não há entraves nem vergonhas. Se for convidado para comer, beber ou dançar, faça-o, vai fazer novos amigos!
Todos os bairros da cidade montam um palco e há bailarico pela noite dentro, com aquelas músicas que toda a gente acha foleiras mas todos sabem a letra. Dançar, beber, cantar, numa festa profana é libertador.
Siga o meu conselho, coma e beba durante a noite e siga a festa pelos bairros da marginal até ao mar. Quando lá chegar, não se admire de ver coisas estranhas na praia. Não é por acaso que a taxa de natalidade cresce em Março.